Confira
10 dos maiores erros de cálculo cometidos por especialistas.
Nessa vida, todo mundo comete erros. Muitas vezes, são deslizes
imperceptíveis que não afetam a vida de ninguém, mas também existem casos em
que qualquer detalhe fora do lugar pode acabar influenciando a vida de dezenas
de pessoas.
Mas nem sempre as coisas saem como planejamos, e foi exatamente isso que
aconteceu com cada um dos itens que foram selecionados pela BBC que você confere nesta lista.
Você vai notar que muitas vezes o principal fator que desencadeou os erros de
cálculo foi o uso de sistemas métricos diferentes, mas também existem casos em
que a falta de atenção foi decisiva. Confira!
1. A rede ferroviária na França
A companhia estatal de trens na França – chamada SNCF – descobriu no mês
passado (maio de 2014) que os dois mil
novos trens que havia comprado eram largos demais para muitas das plataformas
já existentes na rede. Ao todo, a nova frota custou 15 bilhões de euros. Mas
essa conta só tende a aumentar, já que as estações passarão por reformas para
se adequar aos novos trens. De acordo com a SNCF, o erro foi cometido pela
operadora nacional – conhecida como RFF – ao repassar as medidas incorretas
para a companhia.
2. O ORBITADOR CLIMÁTICO DE MARTE
Desenhado para ser o primeiro satélite climático do planeta vermelho, o
Orbitador Climático de Marte se perdeu em 1999. O erro? A equipe da NASA
utilizou unidades do sistema decimal enquanto os responsáveis pela construção
do satélite se basearam no sistema imperial. Acredita-se que a sonda de 125
milhões de dólares tenha se aproximado muito de Marte na tentativa de entrar em
órbita e tenha sido destruída pela atmosfera do planeta. Uma investigação
apontou que a principal causa da perda foi “a tradução equivocada das unidades
inglesas para unidades decimais” em um equipamento que controlava o satélite da
Terra.
3. O navio Vasa
Em 1628, a população sueca assistiu horrorizada ao colapso do navio de
guerra Vasa pouco depois de ter saído em sua viagem inaugural. Uma das
consequências foi a morte de 30 pessoas que estavam a bordo. A embarcação
estava armada com 64 canhões de bronze e foi considerada por alguns como o
navio de guerra mais poderoso do mundo.
Depois que os destroços foram retirados do mar em 1961, especialistas
afirmaram que a embarcação era assimétrica, sendo mais pesada no bombordo do
que no estibordo. Uma das justificativas para essa tragédia pode ter sido o
fato dos trabalhadores envolvidos na construção do navio terem utilizado
sistemas de medição diferentes. Arqueólogos encontraram quatro réguas utilizadas
pelos empreiteiros – duas delas funcionavam em pés suecos (que media cerca de
30,5 centímetros cada), enquanto as outras duas traziam a medida de pés
utilizada em Amsterdã (que correspondia a quase 28 centímetros cada).
4. O planador de Gimli
Em 1983, um dos voos da Air Canada ficou sem combustível em Gimli, um
município rural da província de Manitoba, no Canadá. Alguns anos antes, em
1970, o país havia adotado o sistema decimal e esse seria o primeiro avião da
companhia a utilizar unidades métricas. Como a aeronave apresentou um defeito
no indicador de combustível, a tripulação utilizou um tubo para checar a
quantidade de combustível que havia no reservatório. O erro de cálculo
aconteceu na hora de converter o volume medido em peso. Os responsáveis pela
conta acertaram o número, mas erraram a medida e acabaram confundindo libras
com quilos. Por fim, a aeronave acabou apenas com metade do combustível
previsto. Por sorte, o piloto conseguiu pousar em segurança no Aeroparque
Industrial de Gimli.
5. O telescópio espacial Hubble
Além de ajudar a descobrir mais detalhes sobre o espaço, o Hubble nos
permite ver o universo de maneira diferente com as incríveis imagens que é
capaz de produzir. Mas nem sempre foi assim. As primeiras imagens enviadas pelo
telescópio não eram nítidas porque seu principal espelho era muito plano. Bem,
não muito, já que a diferença era de 2,2 mícrons – medida que corresponde a
1/50 da espessura de um fio de cabelo –, mas que são suficientes para colocar o
projeto em risco. Acredita-se que o erro tenha sido causado por um respingo de
tinta em um dos equipamentos utilizados para testar o equipamento, o que acabou
distorcendo as medidas. Para reverter o problema, o sistema Costar (Corrective
Optics Space Telescope Axial Replacement) – que consiste em dois espelhos de
compensação de falha – foi instalado em 1993.
6. O Big Ben
Em 1857, o famoso Big Ben – sino instalado no Parlamento de Londres –
rachou e foi fundido para que pudesse ser moldado novamente. Em 1859, o novo
sino demorou três dias para ser içado na posição correta e, mesmo assim, acabou
rachando novamente. Foi então que começaram as discussões para descobrir de
quem era a culpa do problema. Uma teoria defendia que o pêndulo era pesado
demais para um sino feito com uma liga metálica de 7 partes estanho para 22
partes de cobre. Os responsáveis pela fundição do objeto já haviam alertado que
o material era frágil. Curiosamente, o segundo sino não foi substituído – e
está rachado até hoje! –, tendo sido apenas girado levemente e ganhado um
pêndulo mais leve.
7. A ponte de Laufenburg
O nível do mar varia ao redor do mundo e cada país escolhe um ponto para
determinar sua medida. A Alemanha define o nível do mar a partir do Mar do
Norte, enquanto a Suíça prefere determinar essa medida com base no Mar
Mediterrâneo. Essa pequena diferença que parece irrelevante acabou causando um
problema na construção da ponte de Laufenberg, uma cidade localizada entre a
Alemanha e a Suíça.
Em 2003, conforme a construção das duas extremidades da ponte foi
avançando em direção ao meio, ficou claro que, mesmo ambos os lados estando “ao
nível do mar”, um dos lados estava 54 centímetros mais alto do que o outro. Os
responsáveis sabiam que existia uma diferença de 27 centímetros entre as duas
convenções do nível do mar, mas não se sabe por que a medida acabou duplicada,
em vez de compensar o lado mais alto. Por fim, os cálculos foram refeitos e o
lado alemão foi diminuído para que a ponte pudesse ser finalizada.
8. A dieta de Scott
O explorador Robert Falcon Scott cometeu um erro de cálculo fatal ao
determinar a quantidade de comida necessária para sua equipe durante uma
expedição de dois anos (1910-1912) ao Polo Sul. Os exploradores recebiam
refeições que somavam 4.500 calorias por dia, o que se sabe que é insuficiente
para pessoas que precisam arrastar trenós, especialmente em altitudes consideráveis.
De acordo com o Dr. Mike Strous, um veterano em exploração polar e especialista
em nutrição, os membros da equipe estavam recebendo 3.000 calorias a menos por
dia do que a quantidade que seus corpos precisavam. Como resultado, eles
perderam cerca de 25 quilos antes que chegassem ao destino planejado e dessem
início à jornada de volta. Hoje, acredita-se que Scott e sua equipe tenham
morrido de fome.
9. A pista de biathlon de Sochi
Um dia antes da abertura dos Jogos Olímpicos de
Sochi, descobriu-se que a pista de biathlon – que deveria ter uma volta de
2,5 quilômetros – estava com 40 metros a menos. Isso significava que os atletas
da prova de 7,5 quilômetros acabariam percorrendo apenas 7,4 quilômetros,
enquanto aqueles que disputavam a prova de 12,5 quilômetros completariam um
percurso de 12,3 quilômetros. Reparos feitos às pressas garantiram que a pista
tivesse a medida correta para o primeiro evento, que ocorreria três dias após a
abertura.
10. A Ponte do Milênio
Para marcar a chegada do novo milênio, a capital inglesa ganhou uma
ponte que une a margem sul do Rio Tamisa com o lado norte da catedral de St.
Paul, em 2000. Mas não demorou muito até que a população notasse que a
estrutura de 350 metros de comprimento balançava de maneira preocupante
conforme se caminhava sobre ela. Um dos pontos mais importantes ao se desenhar
uma ponte para pedestres é o chamado “efeito de passadas sincronizadas”, que é
quando as pessoas começam a ajustar seu passo ao ritmo da estrutura vacilante,
o que intensifica ainda mais o balanço da ponte. Nesse caso, os engenheiros
levaram em consideração a sincronização dos passos de cima para baixo, mas não
contaram com a movimentação de lado a lado. A ponte foi interditada logo em
seguida e passou por uma série de alterações até ser reinaugurada em 2002.
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